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O QUE ESPERAR DO ADVOGADO 5.0?


Bruno Ferreira Alegria*


O exercício da advocacia tem se tornado tão dinâmico e flexível quanto à modificação do ordenamento jurídico.

A figura do advogado, sisudo e formal, deixou de ser significativa para o aspecto que a atualidade impõe, fazendo surgir à luz do avanço tecnológico, a figura do Advogado 4.0, profissional engajado na alta produtividade, uso de aparato tecnológico, foco em Compliance, LGPD, e legaltechs de um modo geral.

Há muito já se sabe que o conhecimento teórico e a capacidade técnica de escrever, argumentar e concatenar a adequação da norma, são fundamentais, mas não suficientes para os resultados que a profissão e seu exercício têm almejado.

O conjunto de elementos que comportam as habilidades, competências e peculiaridades no exercício profissional, destaque-se, em qualquer área, é convertido hoje em duas expressões da língua inglesa muito difundidas: hard skills and soft skills.

As Hard Skills representam as competências técnicas, específicas de cada carreira profissional, e na advocacia, são bem representadas pela oratória, capacidade de conciliação, escrita adequada, conhecimento da norma, know-how em uma especialidade, etc. São, de fato, extremamente importantes, pois geram autoridade ao profissional. Proporcionam confiança, e resultados diretos em suas ações e cases.

Todavia, é costumeiro notarmos comentários no meio profissional como “Dr. Fulano entende muito desta matéria, mas é alguém difícil de se trabalhar em conjunto.” ou ainda, “a Dra. Beltrana é excelente em audiência, mas o escritório dela vive sem clientes”.

Por qual razão, notamos grandes profissionais da advocacia não prosperarem na gestão da carreira, no fluxo de clientes, em parcerias e associações profissionais? Por qual motivo, profissionais da advocacia são capazes de produzir tantos resultados, mas a troco disso sacrificam tanto o bem-estar e a qualidade de vida?

Pois bem, além da habilidade jurídica, hoje já se tem a consciência de que é necessário desenvolver habilidades em outras áreas que não são ensinadas nas cátedras da faculdade de direito, como liderança, marketing, empreendedorismo, finanças, vendas, negociação, design, entre outros temas de extrema relevância.

Mais além. Mesmo com o foco na produtividade e no fluxo que a tecnologia hoje proporciona, percebeu-se que manter o nível é tão importante (ou mais) que chegar ao nível de excelência profissional.

Aqui surgem as chamadas Soft Skills.

As Soft Skills são habilidades comportamentais, que estão ligadas à nossa relação com o espaço, as pessoas e as nossas tarefas. São inerentes ao nosso convívio social, à nossa relação com as pessoas, e não apenas com profissionais, e cada vez mais, tem se tornado referência no sucesso profissional.

Na visão de Daniel Goleman, renomado autor que discorre sobre inteligência emocional, existe uma distância entre aquilo que os líderes esperam de profissionais recém-formados, e aquilo que esses jovens profissionais podem oferecer:

“Na maioria dos casos, os contratados são inteligentes, ambiciosos e sabem usar tecnologia. Provaram que conseguem fazer o trabalho. São comprometidos e apaixonados pela ideia de ascender na carreira. Então, o que falta nesses profissionais?”,

De acordo com o Goleman, a maioria dos profissionais novos não dão o devido valor ao comportamento, à inteligência emocional e a relação de cada um com o meio em que estão inseridos.

De forma breve e direta, enquanto as Hard Skills geram autoridade ao profissional da advocacia, as Soft Skills geram confiança, garantem espaço, e são tão importantes quanto àquelas para a gestão e progressão da carreira.

Superado o boom tecnológico, a alta produtividade que gerou o chamado Advogado 4.0, a advocacia 5.0 precisa lidar com a inteligência emocional no seu exercício. Habilidades como Empatia, Resiliência, Liderança, vulnerabilidade e adaptabilidade, fazem parte das exigências que o mundo opera.

Aliás, sobre adaptabilidade, vale destacar a base do conceito de Charles Darwin – Não é o maior, nem o mais forte que sobrevive, mas o que melhor se adapta. Quando se fala em Processo Judicial Eletrônico, juízo 100% Digital, audiências síncronas e assíncronas, implementação do Direito Sistêmico, espaços de co-working e tudo o que mais vem pela frente, ainda há dúvida sobre a necessidade de se estudar mais do que a lei e a produção de resultados satisfatórios?

Apropriando de uma visão de evolução de Maslow, após suprir necessidades e reconhecimentos no meio, gerar o índice de autorrealização com bem-estar exige congruência e constância no ritmo de vida e na maneira como o Advogado da nova geração deve lidar.

Sim, se há algo em que se deve apostar, o estudo e aperfeiçoamento do comportamento é a resposta. É o que nos faz triunfar sobre a inteligência artificial, e todo o aparato que surge como respostas às expectativas que o meio tem proporcionado.

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Bruno Ferreira Alegria é Advogado Criminalista, Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, sócio-fundador do Ferreira Alegria Advogados. Mastertrainner em Programação Neurolinguística, Análise Comportamental e Hipnose (Clínica e Conversacional). Professor há mais de 15 anos em cursos e pós-graduação na área jurídica, desenvolvimento humano e psicologia positiva.

 
 
 

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